segunda-feira, 3 de maio de 2010

REFLEXO 1.7

                               Gustav Klimt - A floresta- 1901

DUALIDADE SENTIMENTAL

Se houvesse palavras de amor
No limite da boca,
Forças, sensações, felicidade, futuro,
Fariam menos falta.
Mas o que se tem não se controla.
Só se tem as impressões e os olhos,
E eles se concentram nos espaços em volta.
Imóveis objetos alheios,
O despertencimento de tudo que circunda,
E o desejo se extinguindo.

A tristeza se faz descrente de paz,
Ou se acha incapaz de não ser.
Mais triste é a boca amando sem palavras,
Errante como uma tonta ou louca,
Soltando termos desconexos, estranhos, delirantes.
Os sentimentos, o amor, solitários,
São, ao mesmo tempo, um espetáculo e um hospital,
Que a consciência assiste e não assiste.

Um comentário:

  1. Não conhecia essa poesia. Você escreveu recentemente? Gostei do jogo com a palavra assiste. Abraços!

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